Debaixo do Sol, ou a expressão de uma antiga revolta:
Certamente não existem muitos homens de valor por onde ando, e todo e qualquer senso de estetica ou moral esta longamente perdido no esquecimento duma historia falseada.
Vivo no açougue da humanidade, onde todo e qualquer valor que nos define como tal, só resiste por uma persistência mórbida de nossa natureza em relembrar a aliança dos homens para com Deus, ou talvez por um milagre divino que nos permita ter a esperança de um dia, quem sabe, mudar em milímetros o quadro geral da civilização.
Somos uma geração de ovelhas pastoreadas por cegos numa terra governada pelos filhos de Caim, onde os poucos que enxergam são rapidamente esmagados pela sanha demoníaca daqueles que ganham a vida alimentados pelo nosso sangue.
Somos frutos contraditorios duma terra seca, marinheiros de nossa alma, capitaneada por um insoluvel paradoxo de desejos. Somos vidas sabotadas, criadas por uma confusão ininterrupta que se abate dentro de nossos espiritos, atingindo o cerne de todas as certezas inabaláveis que Deus nos deu.
Equanto isso, o sol nasce e se põe novamente e abaixo dele seguimos em meio a escuridão, orando para que no decurso do tempo mantenhamos acesa a ultima centelha da verdadeira origem de nossas almas e ansiando que, por fim, sejamos redimidos durante o alvorecer.
- © 2017 – Marcelo Jatobá de Araújo Júnior