Sobre

Escrevo como que num impulso de esgotar uma dor, um amor, um desejo que de tão profundo me corrói, que de tão grande me transpõe. Não consigo escrever como um algo pensado e trabalhado, um arquétipo de consciência, um projeto de engenharia do qual detalha-se parte após parte para culminar por fim numa obra maior, escrevo como quem pincela uma tela ou improvisa notas e depois, como que por preciosismo as lapida e expõe, isso não é de modo algum um elogio, mas antes sim um defeito que tem me impedido de enxergar novos ares, no entanto existe um profunda ligação não proferida entre tudo o que transponho ao papel, pois muito embora pareçam desconexos, as ideias partem dum mesmo eu, duma mesma visão mutante de mundo e quando somadas (como com todo escritor que se dá ao trabalho de expor sua nudez psicológica), formam um universo próprio em expansão, se lhe vale a pena o trabalho de por este viajar? fica a teu cargo decidir.