Assim como Deus fez Maria o meio pelo qual Cristo veio ao mundo, Cristo dizendo à João que a toma-se como sua mãe, tonou-a um meio espiritual para que chegássemos à Ele. Pois as palavras do Senhor são elas próprias a criação deste mundo e não somente por serem interpretadas em tinta e papel. E se a historia deste mundo for vista desde hoje em direção do seu passado, e desde os profetas ao fim de suas profecias, veremos que a devoção mariana é ela própria o caminho essencial da busca do homem pela sua perfeição na imitação humilde de cristo. Através dela nascemos novamente como aqueles que buscam o Caminho do Deus que se fez homem no tempo. É também o ponto de encontro de nosso amor com o de nosso Senhor.
Se um cristão devota-se a Maria, devota-se não como um fim, mas aos milagres que por ela se expressaram, e estes são o do nascimento virginal de seu filho, portanto, a vinda de Deus ao mundo em carne e sangue, e da união do tempo ao absoluto que o abarca.
O fetiche de nossa era, entretanto, é o de tratar tudo como ou perene ou temporal, ou físico ou espiritual, e nos esquecermos que se Deus fez a Si mesmo em uma imagem de carne e osso foi para ser adorado como tal, que se quisesse poderia fazer-se somente palavra em um livro, ou poderia descer dos céus com homem, mas decidiu fazer-se criança através duma mulher, ter uma historia a ser contada através dos anos, uma historia com datas, com dias e noites, Sol e lua que se puseram sobre sua cabeça, ainda que a natureza de sua alma permanecesse Aquela que abarcava aos céus e a todo o universo.
O mundo não se divide entre sobrenatural e natural, mas antes este é a continuidade daquele, e o eterno não deve deixar de ser representado em imagem e em historias a serem adoradas jamais, antes sim contemplado na beleza das artes que Deus nos permitiu alcançar, no amor que nos insuflou, na fé e devoções para as quais nos quebrantou, e nas verdades as quais nos revelou.
- Marcelo Jatobá de A. Jr.
... Nada novo debaixo do sol 